Mulheres Empreendedoras

5º semestre de jornalismo

Grande reportagem sobre mulheres que possuem seu próprio negócio

Fontes: Manuela de Oliveira e Emily Pedro

Se inspire nessas duas histórias de sucesso. Enquanto Emily teve sorte desde o início, Manuela precisou batalhar arduamente para chegar onde chegou. Com qual delas você mais se identifica?

Texto completo no site da nossa revista fictícia: “Nuances

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A primeira Gravidez

5º semestre de jornalismo

Grande reportagem sobre a primeira gestação

Fontes: Thainná Nunes e Débora Barreto

Se emocione com esses dois casos. Enquanto a gravidez de Thainná foi inesperada, a de Débora é planejada há algum tempo. Qual será o final dessas duas histórias?

Texto completo no site da nossa revista fictícia: “Nuances

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Resenha – Espetáculo “Dinner Show”

Localizado na Rua Augusta, 2.809, Jardins – São Paulo. O espetáculo chamado Dinner Show conta com diversas apresentações no estilo cabaré, dentro do restaurante Burlesque Paris 6. As apresentações ocorrem de quinta a domingo, e os valores variam entre R$ 70 a R$ 190 de acordo com o dia da semana e o pacote escolhido. Você pode optar pelo Piso Inferior, onde as bebidas e refeições são servidas durante o espetáculo e são cobrados à parte. Ou pode optar pelo Camarote, que possui um pacote adicional com jantar e sobremesa inclusos – servidos após a apresentação -, sendo somente as bebidas cobrados à parte.

Resolvi ir lá conhecer o tão falado espetáculo e trago aqui alguns detalhes desta incrível experiência, para que você, caro leitor, possa ir sem medo! Escolhi ir numa quinta-feira, e cheguei pouco antes das 21h. Fui atendida por uma mocinha chamada Carolina, de óculos e rabo de cavalo para o lado, que era tão simpática, mas tão simpática que nem parecia estar me atendendo. Trouxeram as entradas e a bebida antes do espetáculo começar. Aos poucos dois personagens começaram a andar pelas mesas lá de baixo, interagindo com o público como se já os conhecessem, e tudo isso fazia parte da apresentação. Os personagens em questão eram um casal: uma mulher vestida de noiva, e um rapaz de smoking. Dali a pouco, atrás das cortinas do palco víamos algumas sombras, encenando uma situação de preparativos para uma festa, com pessoas andando de um lado para o outro, e alguém equilibrando uma torre de taças. Ficou nisso por alguns minutos, até que as luzes apagaram e o espetáculo começou!

Divulgação: burlesqueparis6.com

Não foram exatamente essas mulheres da foto, mas começou justamente com essa apresentação. Fiquei deslumbrada com a perfeição da coreografia e com a combinação do toque da música para cada movimento! Imediatamente esqueci da minha vida e experimentei uma sensação maravilhosa, sendo apenas uma espectadora! Elas dançavam ora sensual, ora normal, e em nenhum momento foram vulgares. Ao final, uma parte do palco (que até então nem parecia ser separada de todo o resto) desceu devagar com elas em cima, para que fossem sumindo aos poucos. Como eu estava vendo de cima, acompanhei até chegarem lá embaixo, mas imagina quem estava assistindo de frente, e aos poucos elas iam sumindo? Demais!!

A segunda apresentação foi de uma mulher anã sensualizando e se despindo aos poucos. Ela também não foi nem um pouco vulgar, pois ao olharmos só conseguíamos pensar em como ela era fofa! – Pelo menos eu pensei isso. –

Divulgação: burlesqueparis6.com

Essa apresentação com o casal em cima de uma lua (que novamente não foram os mesmos da foto), foi a primeira executada no ar, e para quem estava no camarote a visão foi ainda melhor! Fiquei aflita em diversos momentos, com medo deles caírem. Sei que é muito bem ensaiado e tudo mais, mas como podia o rapaz segurar todo o peso do corpo da moça com apenas seus dois pés, sendo que ele também estava pendurado??! Eles faziam vários movimentos no ar, tendo como suporte apenas a lua e a si mesmos. Reparei nas suas feições enquanto faziam: A moça tinha um semblante tranquilo, como se aquilo tudo fosse fácil e leve. Já o rapaz estava sério e com o semblante preocupado, provavelmente focado em não deixá-la cair.

Divulgação: burlesqueparis6.com

A apresentação dessa contorcionista foi inteira dentro de uma grande xícara. Ela fazia coisas com o corpo que me deixava em parafuso! Fiquei impressionada em como alguém pode ter tanta flexibilidade! Teve uma hora em que ela ficou em cima da borda, se equilibrando com apenas um pé enquanto levantava o outro no ar. Percebi que ela se desequilibrou, mas soube disfarçar improvisando com outros movimentos na sequência, como se a queda fosse proposital.

Divulgação: burlesqueparis6.com

A apresentação dessa cama foi sensacional!!! Basicamente eles só faziam movimentos lentos e sensuais, envoltos numa penumbra gostosa de olhar, com um toque de fundo que te fazia viajar! No final eles ainda fizeram algo inusitado! – Sem spoilers. –

E assim se sucederam as apresentações, algumas eram lentas e reflexivas, enquanto outras bem dançantes e alegres; e todas tinham história, mas ninguém falava, a mensagem era transmitida através de feições e gestos. Durante uma delas, as dançarinas desceram para a plateia e “roubaram” alguns homens para dançarem com elas no palco. E foi muito engraçado ver a reação sem graça de alguns, dançando desengonçados com visível constrangimento. Também colocaram (não sei como) um Iphone gigante no palco, em determinada apresentação que uma moça feia simulava usar o Tinder! Muito bom!! Sem contar as vezes em que alguns deles olhavam diretamente para nós! Me senti notada pelos “donos da festa”.

Divulgação: burlesqueparis6.com

Houveram muitas outras apresentações incríveis que não mencionei aqui, mas se for falar de todas perde a graça! Melhor que você confira com seus próprios olhos!

Nas quintas e sextas o horário do evento é às 21h, aos sábados às 21h30 e aos domingos às 19h. Os ingressos podem ser adquiridos através do site www.burlesqueparis.com, clicando na aba “Compre Agora”. Inclusive, em sua Home há um vídeo ilustrando algumas apresentações, para que o espectador tenha uma boa ideia do que esperar do evento!

 

 

Crônica – O Ator Promissor

Lá se foi mais um cansativo dia de trabalho e Júlia já se encontrava dentro do metrô, feliz por ir embora. Em determinada estação, entrou João, um moço sofrido e convincente em pedir esmolas. Júlia que nunca acreditou em histórias contadas por pedintes, não pôde deixar de reparar no rapaz, que possuía agonia e tristeza entranhadas em sua fisionomia e voz.

 João trazia alguns documentos em mãos, os quais erguiam pra que todos vissem como se fossem machucados em sua pele. Ele contou uma breve história em voz alta, sem se importar com a humilhação ou vergonha em revelar sua vida privada. 

O rapaz narrou tristemente sua falta de sorte em vir para São Paulo, acompanhado de sua família, com uma falsa proposta de emprego. Estava prestes a ser despejado, mas tudo o que mais queria naquele momento, era arrecadar um pouco de dinheiro para poder jantar com sua família mais tarde. 

A forma como João pronunciava as palavras, transmitia a todos sinceridade e um grande pesar por estar naquela situação, o rapaz foi tão comovente, que todos os presentes se calaram para ouvi-lo. Ele era pai de família, e sua esposa e filhos, o aguardavam fora da estação, enquanto ele tentava garantir o sustento daquela noite. 

Durante sua narrativa, João fazia das suas finanças um livro aberto, revelando de forma lúdica o valor exato que já havia arrecadado, mostrando as notas em sua mão, para logo depois contabilizar o quanto ainda restava.

Haviam lágrimas nos olhos dele e tristeza em seu tom. Enquanto falava, pessoas o interceptavam em silêncio, lhe dando pequenas quantias, mas com grande satisfação em ajudar. Júlia que nunca cedeu a um pedido de esmola antes, queria poder ajudá-lo, mas estava desprevenida naquele dia. 

Quando restava apenas R$10 para atingir seu objetivo, toda a plateia sentiu uma grande pressão. João anunciou choroso que faltava pouco, mas ninguém mais estendia a mão. Será que mais ninguém o ajudaria? Fez se aquele silêncio digno da pergunta final do show do milhão. 

Apenas R$10! João repetia agoniado, deixando todos os que ouviam constrangidos pela falta do dinheiro. Até que de repente, um jovem rapaz lhe presenteou com uma nota R$20! Todos bateram palmas!

Coincidentemente, nesse momento chegou à estação em que Júlia desembarcaria. Na plataforma, chamou João e lhe disse que sentia muito e que queria muito ter conseguido ajudá-lo na “vaquinha”. João, tocado com a bondade da moça, disse que poderia ajudá-lo se lhe conseguisse um emprego de verdade, talvez onde ela trabalhasse, quem sabe. Júlia achou seu pedido um pouco ousado, não sabendo se seria prudente, indicar uma pessoa que na verdade não sabia nada, além de um discurso emotivo no metrô. De qualquer forma, ficou com seu contato e disse que veria o que poderia fazer. 

Semanas, meses, ou até mesmo anos depois, Júlia se deparou novamente com João, naquela mesma situação, contando sua triste história de vida dentro do metrô, enquanto o transporte andava de estação a estação. Estupefata com a grande cara de pau do rapaz, não deixou que ele a visse, devido à grande vergonha que sentiu, por ter se deixado enganar por ele. 

 Seria mesmo João mentiroso? Um promissor a carreira de ator? Ou um azarado sofredor, que ainda não tinha conseguido se levantar, daquela possível tragédia que narrava?

 

Vídeo Para a Faculdade

Foi proposto que fizéssemos um trabalho, relacionando um filme com as teorias de algum escritor indicado pela professora. Escolhemos falar de “A Vida de David Gale” do diretor Alan Parker, relacionando com “Opinião Pública” de Walter Lippmann.

  • A propaganda da Bonafont assim como o “Making Of” ao final, foram acrescentados apenas para descontrair o vídeo.

Créditos:

Ana Bárbara – A idealizadora do vídeo como também sua produção e atuação como segunda fã;
Alan Nascimento – Alan Parker;
Caroline (eu) – Apresentadora;
Daiane Bugatti – Primeira fã
Maysa Rosa – Terceira fã
Todos: Formulação das perguntas e respostas para a criação do vídeo.

Perfil Poético

Durante o segundo semestre da faculdade, fomos desafiados a criar um perfil de uma pessoa. Até aí tudo bem, para quem gosta de escrever, criar  o perfil de alguém é moleza. Entretanto, essa criação precisaria ser conforme algumas exigências, sendo elas:

  • Detalhamento de tudo que estivesse sendo contado;
  • A pessoa relatada, precisaria ter diferentes histórias de vida;
  • Precisaríamos alternar com harmonia os altos e baixos do entrevistado;
  • Necessário que utilizássemos metáforas;
  • Não poderia ser um parente;
  • A partir de 10.000 caracteres;
  • O final precisaria ser como as reticências, deixando o leitor na dúvida do seu verdadeiro desfecho;
  • Por último e não menos importante, tudo precisaria ser escrito de uma forma poética, contando uma história.

Nunca tive muita habilidade com poemas, então esse foi um dos meus principais desafios na criação desse perfil. Um outro ponto muito difícil também, foi a parte do detalhamento, não por eu não ser boa em detalhar, muito pelo contrário, sou bastante perceptiva com as coisas e situações, mas detalhar situações ruins de uma forma que fique poética, é mesmo desafiador!

O resultado desse trabalho será mostrado abaixo, felizmente todo o esforço valeu a pena, pois tirei a nota máxima! 🙂

Perfil: Rafael de Oliveira Santos

Idade: 24 anos

ÚLTIMOS MOMENTOS

ultimos_momentos

 Não sei o que farei da minha vida, está tudo acabado! Irei embora de São Paulo e nunca mais voltarei! Preciso ir… antes que eu acabe me suicidando nessa casa.

   Rafael cuspia essas palavras aos prantos, na cozinha de sua casa. O cômodo que era grande, ficou pequeno em meio à tanta tristeza. Entre nós havia apenas a grande mesa de madeira marrom escuro e retângula. Eu mal entrei e me banhou com essas palavras carregadas de angústia. Via-se o caos em seu rosto, estava vermelho, chorando igual uma criança, descabelado, sem camisa, de bermuda poliéster e chinelos Havaianas.

    Olhei em volta e aparentemente tudo estava em seu devido lugar, na pia de inox havia alguns pratos e copos a lavar, o fogão de seis bocas permanecia com a tampa abaixada e na porta da geladeira branca, ainda continham seus ímãs de geladeira personalizados intocados. Seu gato cinza e branco de olhos azuis, porte médio, nos olhava compenetrado, pousado em cima do armário, ao lado do micro-ondas. O olhei por um tempo sem dizer nada, esperando que Rafael se recompôs-se. Estava muito firme em suas palavras.

   Ao mesmo tempo em que falava, apontou para uma grande caixa preta em cima da mesa, depois para uma sacola plástica branca grande, entupida de filmes em DVD. Enquanto eu associava os itens, pediu que eu levasse tais objetos, pois para onde iria não teria como levar consigo. Para onde iria afinal?! O questionei, mas não soube me responder, isso também não faria a menor diferença, seu plano era ir até a rodoviária com a mochila nas costas e decidir na última hora. O ônibus que partisse no exato momento em que chegasse, seria o seu destino final. Partiria sem rumo, igual um mochileiro caindo no mundo.

  Levantei a tampa da caixa para ver o que havia dentro, vislumbrei apenas os objetos que estavam por cima, fotos dele com seu amor, – o que eu faria com aquelas fotos? – papéis de carta, coisas de papelaria como bloco de notas, marca página, alguns livros e por cima de tudo seus CDs. O álbum que estava no topo, se tratava da sua última aquisição, cujo CD ficou muito feliz quando o comprou, pois tinha acabado de chegar ao Brasil. Retirei o CD da Melanie Martinez da caixa e o segurei na mão, estendendo-o no ar, virado para ele, perguntei-lhe se tinha mesmo certeza? Numa infeliz tentativa de provocá-lo com algo que ele gostava muito. Mas sim… ele possuía total certeza da sua decisão. Enquanto eu olhava para a foto da Melanie no encarte da capa, me lembrei dos ingressos de seu show, cujos tickets apesar de terem sido adquiridos por mim, estavam em sua posse. O indaguei se não iríamos mais ao show juntos e mesmo sua resposta sendo positiva, havia grande incerteza em seu tom.

  Como um grande efeito dominó, ouvir as frases irei embora e nunca mais voltarei, por um milésimo de segundo me fez esquecer da sua dor e além de lembrar do evento que viria, lembrei também da entrevista que ainda não havia sido feita. Seria mesmo capaz de me deixar a deriva no último instante? Seria mesmo compreensível tal atitude após uma grande desilusão amorosa? Ou seria o mais correto jogar a culpa na depressão que estava por vir?

 

INFÂNCIA CONTURBADA

infancia_conturbada

Se esse menino for veado, eu o mato!

     Pele levemente bronzeada, olhos castanhos escuros, cavanhaque em volta da boca, poucos fios de barba no contorno do rosto, nariz acentuado, lábios finos, sobrancelhas grossas, sem nenhum tipo de macha na pele facial, como se incrivelmente usasse base ou corretivo no rosto. Com um corte de cabelo moderno, possuía pouco cabelo na lateral e mais volume na parte de cima. Apesar de não ser muito alto, tem pinta de modelo, corpo malhado e bem cuidado.

   Rafael de Oliveira Santos, natural de Maceió, nascido em 16/04/1991 foi fruto de um segundo casamento arranjado. Sua mãe, Sônia Maria, se casou com seu pai Raul, devido ao mesmo possuir bens, como fazenda e gado. Foram casados por 19 anos, sendo de 1985 a 2004. Tiveram dois filhos, sendo quatro anos mais velha Manuela, e Rafael o caçula.

    Em seu primeiro casamento, Sônia teve um outro filho, chamado Denis, que é seis anos mais velho que Manuela. O casamento com seu pai durou apenas um ano e quatro meses, e após três anos separado, o mesmo não soube seguir em frente e se suicidou.

    Desde a infância de Rafael, Raul sempre desconfiou da homossexualidade do filho e o ameaçava de morte, caso fosse comprovado. Jamais aceitaria ter um filho que fugisse dos padrões da sociedade.

    Momentos amargos Rafael viveu durante a sua criação. Precisou passar por um procedimento cirúrgico de redução do Pomo de Adão, já que o seu era muito grande e desproporcional com a sua idade. Durante os dias da sua recuperação, seu pai o flagrou brincando com uma Barbie de sua prima. Flagrando este momento, seu pai lhe deu uma grande surra, ignorando que estava em um momento pós-operatório.

    Quando se mudaram para São Paulo em 2001, parecia que as coisas iriam mudar, talvez se pacificar. Mas não foi bem assim que aconteceu. No ano seguinte, quando Manuela tivesse seus 15 anos, novos atritos viriam, novos confrontos fatigantes. Denis a essa altura não residia mais com a família. Possuía sua independência e morava sozinho no bairro de São Miguel, enquanto o restante da família vivia em Guarulhos.

    Manuela começou a namorar com seu atual marido e ao saber desse relacionamento, Raul não se agradou, alegando não autorizar tal evento. Em sua defesa, Manuela revelou já possuir autorização da mãe. Mediante à essa declaração, o homem se descontrolou, adquirindo uma postura como se o diabo tivesse incorporado o seu corpo. A situação se tornou catastrófica e para descarregar a sua raiva, o pai de família agrediu sua esposa, acertando-a com um forte tapa na face. Ao presenciar sua mãe apanhando e sofrendo, Manuela também avançou contra seu pai, numa tentativa inútil de pará-lo. Percebendo que sua filha tomou partido das dores de Sônia, ao invés de recuar ele se irritou mais ainda com aquela insolência, mostraria as duas quem é que mandava. Assustado com tudo que estava acontecendo, Rafael saiu correndo para o portão, gritando por ajuda. Ao se dar conta que aquele infeliz propenso a promiscuidade, estava o traindo também, Raul trocou de alvo e correu atrás do Rafael para agredi-lo. Entretanto quando o alcançou, seu portão já estava repleto de plateia.

    Manuela, se aproveitando de sua distração, rapidamente pegou a chave e tratou de abrir o portão, para que seus vizinhos pudessem acudir. Em torno de oito pessoas entraram em sua casa, entre elas, alguns familiares de seu pai que residiam na mesma rua. Ao perceberem que Sônia e Manuela possuíam marcas roxas pelo pescoço, o homem enfurecido foi obrigado a arrumar suas coisas e sair de casa.

    Nunca mais Sônia e Raul retomaram sua vida como um casal. Ele a visitava de vez em quando pelos filhos e até tentava convencê-la a aceitá-lo de volta, utilizando discursos religiosos, de que Deus os queriam unidos novamente. Porém Sônia não cedeu e em 2005 oficializaram a separação.

ABUSO SEXUAL

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 Ele dizia ser uma brincadeira só nossa, cuja brincadeira não podíamos contar para ninguém.

     Em 2002, antes de ocorrer a separação de seus pais, Rafael, com onze anos de idade, passou a ser cuidado por um primo cinco anos mais velho. Como ninguém percebeu? Como ninguém foi capaz de notar?

    O rapaz se aproveitava da sua inocência para satisfazer seus desejos mais obscenos. No começo eram pedidos simples, não havia nudez, não havia pressão, não havia perigo, apenas o leve toque por cima da roupa.

    A cada dia, um novo desafio a ser superado, um novo caminho desconhecido a ser percorrido. Do toque superficial para uma sensação mais real. Rafael não o impedia, até porque não sabia definir se aquilo era ruim ou não, sabia que era impuro, mas não tinha discernimento para entender a dimensão do ato.

    Nos dias que se seguiram pôde sentir o prazer do outro, afinal o que era aquilo? Seria mesmo uma brincadeira entre amigos? Um joguinho divertido? Senti-lo em suas mãos definitivamente não fazia parte de nenhuma brincadeira sadia. Mas aquilo não era nada, perto do que estava por vir, com certeza o próximo passo seria o topo das obscenidades. Com uma criança de onze anos? Lhe faltavam candidatas pela rua? Difícil saber.

    A partir daquele momento, Rafael não seria mais o mesmo. Não teve autonomia para impedir, se deixou levar como um rio que segue o seu trajeto sem fazer parte do que acontece à sua volta, apenas seguindo o fluxo.

    Seria dor o que sentia? Ou apenas estranheza? O causador daquelas sensações estava lhe perguntando se o estava machucando? Haveria mesmo de se importar àquela altura de suas ações? Entrando sem pedir licença e ainda conseguia demonstrar resquícios de preocupação? Muitas contradições a serem compreendidas.

    O fim… sim o fim seria recebido de portas abertas, finalmente o momento chegou ao final. O que seria aquele líquido vermelho no término? Seriam as lágrimas de sua alma? Por que será que esse rapaz bonito e atraente precisou fazer tal atrocidade? É dessa maneira que se tratam os amigos?

    Rafael nunca contou a brincadeira secreta para ninguém, quem entenderia esse jogo obscuro? Seu silêncio foi moeda de troca para a continuidade. Quatro anos se passaram sem que nada mudasse, já estava acostumado com a constante visita. Teria passado a gostar afinal? Ou apenas se acomodou com as estranhas sensações?

    Nunca aconteceu beijo na boca ou envolvimento emocional. Era apenas uma brincadeira que permaneceu em segredo até o momento da sua ruína. Após uma discussão qualquer sobre algum assunto banal entre adolescentes, a malvadeza se dissipou. Nunca mais se viram ou se falaram. E se o desentendimento tivesse ocorrido antes de tudo isso começar? Seu desaparecimento também teria sido tão eficaz e veloz, quanto seus atos contínuos durante todo esse tempo?

 

MUNDO GAY

mundo gay

 Eu sei o que você é… mas mesmo assim te amo.

     Em novembro de 2009, aos 18 anos, Rafael conseguiu seu primeiro emprego em uma empresa de call center, sediada na Av. Bernadino de Campos, ao lado da Avenida Paulista. Uma nova fase da sua vida se iniciaria, repleta de descobertas, desafios e prazeres.

    Na Dedic, a maior parte dos funcionários eram homossexuais, que ao contrário do Rafael, não possuíam nenhum receio ou vergonha em serem o que eram, e essa nova concepção de vida, permitiu que Rafael saísse de dentro da bolha ao qual vivia.

    Em 2010, seu aniversário caiu em uma sexta-feira e para comemorar, após sair do trabalho, saiu com seus novos amigos gays, desaparecendo de casa pelos próximos dois dias, sem ao menos dar qualquer satisfação à sua mãe. Durante esses dias, pôde descobrir um pouco do mundo das baladas GLS, sendo a primeira delas A Louca, situada na Augusta. Afinal como era permitido que pessoas do mesmo sexo, pudessem se expor tão espontaneamente em público? Beijos, abraços, intimidades, tudo isso não era proibido? Que mundo mágico de liberdade e total aceitação era aquele? Para entrar no clima, Rafael, pela primeira vez experimentou colocar um cigarro na boca, também bebeu bebidas alcóolicas, cujas bebidas possuíam nomes incomuns ao qual ele nunca ouvira falar. E as músicas? Aquelas mesmas músicas que costumava ouvir em seus momentos de privacidade estavam lá também, atuando como trilhas sonoras daquele momento diferente e único, momento pelo qual ele descobriria futuramente ser comum e igual. Aquela noite poderia durar para sempre. Tudo que tinha vivido até aquele momento parecia não ter sido bom o suficiente. Porque demorou tanto tempo para estar ali? Sua mente divagava, enquanto seus olhos deslumbrados, tentavam absorver cada informação daquele lugar.

    Quando retornou para casa, ainda pensando no final de semana incrível ao qual desfrutou, encontrou em cima de sua cama, uma carta com um embrulho. Sônia, que já desconfiava da opção sexual do seu filho, mesmo brava pela preocupação causada, quis presenteá-lo por seu aniversário, assim que ele retornasse, preparando lhe uma surpresa. Sem ter a oportunidade de falar antecipadamente com sua mãe, para saber do que se tratava o referido presente, Rafael deu atenção primeiramente a carta. Nela continha uma linda mensagem de sua mãe, dizia com doces palavras que o amava, mesmo sabendo de sua escolha. O segundo presente eram sabonetes do O Boticário. Sônia não havia errado na simplicidade do presente, pois sabia que seu filho era bastante vaidoso. Rafael, ao mesmo tempo em que se emocionou, sentiu uma grande culpa por ter se ausentado sem lhe dar nenhuma satisfação. Prometeu a si mesmo que nunca mais repetiria tal atitude e tratou de ir falar com sua mãe.

    A partir desse momento, Rafael se auto assumiu. Mudou seu jeito de falar, de se vestir e até mesmo de agir. Não precisaria mais controlar suas ações quando estivesse dentro de casa para poder se libertar somente quando estivesse na rua. Não precisaria mais mascarar seu verdadeiro eu.

AVENTURA PASSAGEIRA

aventura passageira

 Você está saindo com um homem e não com moleque.

    Em 2011 Rafael trocou de emprego. Manuela trabalhava no setor financeiro da Magazine Luiza e conseguiu indicá-lo para uma vaga de estoquista. O que para ele foi ótimo, pois já estava saturado de call center.

    Determinado dia, durante um pequeno intervalo, Rafael foi até o banheiro e enquanto lavava suas mãos, percebeu um homem bastante atraente, de pele clara, cabelo preto e cacheado, com aparência de ter uns 25 anos, estiloso, o paquerando pelo espelho. Apesar de ter se agradado pelo rapaz, ele não fez nada e voltou para suas funções. Alguns minutos depois, esse mesmo rapaz foi até onde ele estava, com um skate para ser empacotado. Enquanto Rafael embrulhava o objeto, o rapaz pediu seu telefone, ele concedeu e viveram uma aventura passageira.

    Como a gerente da Magazine não o registrou no tempo acordado, após três meses de trabalho, Rafael decidiu pular fora. Durante o tempo em que estava desempregado, trocou várias mensagens com Mauro, o rapaz que havia pegado seu telefone enquanto ainda trabalhava lá. Marcaram um encontro e Mauro o pegou de carro no centro de Guarulhos, de lá foram para o Shopping Internacional, pegar um cinema. Na sala escura e não muito lotada, começaram com os amassos durante o filme e antes mesmo que a sessão terminasse, Mauro o convidou para ir até seu apartamento.

    O rapaz era bem de vida e dividia o apartamento com alguns amigos na Avenida Paulista. Tiveram o sexo mais selvagem que qualquer outro na vida de Rafael. Mauro não se exercitava com a delicadeza de uma homossexual e sim como a ferocidade de um hétero. Apesar de quase ter pedido arrego, Rafael gostou da experiência. Não passaram a noite juntos e quando Mauro o deixou no centro de Guarulhos, tudo que Rafael mais queria era a sua cama para poder se recompor.

    Alguns dias depois, marcaram de sair novamente, dessa vez se encontrariam direto na Avenida Paulista. Rafael estava no início de uma fase ruim e por falta de dinheiro para a condução, desmarcou em cima da hora. Mesmo que morasse pelas redondezas de onde iriam se encontrar, Mauro ficou furioso e o chamou de todas as ofensas possíveis, pois tinha desmarcado uma reunião em seu trabalho para aquele encontro. Rafael não revelou o real motivo, dando uma desculpa qualquer e a partir daí nunca mais se falaram.

 

DINHEIRO SUJO

prostituição gay

 Quando acabamos, o que eu queria era ir embora o mais rápido possível daquele lugar.

     Ainda no mesmo ano, a vida de Rafael decaía cada vez mais. Não conseguia um novo emprego e estava cada vez mais sem dinheiro. Determinado dia, enquanto saía de uma entrevista de emprego na Av. Consolação, encontrou-se ocasionalmente com Johnny, seu amigo dos tempos de Dedic, ao qual havia lhe apresentado o mundo das baladas.

    Enquanto compartilhavam informações sobre suas vidas durante todo esse tempo, vendo que Rafael estava na pior, Johnny lhe contou sobre um lugar discreto, localizado próximo ao metrô Santa Cruz, onde homens jovens e atraentes como eles, iam para faturarem dinheiro fácil e rápido. Rafael se interessou e acabaram indo no mesmo momento. Johnny já estava habituado com o lugar e sabia que o negócio era certo.

    Quando chegaram, Rafael teve um pouco de dificuldade para se situar, a fachada do local parecia uma casa comum, paredes brancas e vários carros de luxo estacionados na entrada. Identificaram-se com a recepcionista, entregaram seus documentos e em troca receberam uma chave de armário cada um, para poderem guardar suas coisas. Johnny não lhe deu muitas instruções, apenas que ficasse sem roupa, com a toalha branca fornecida pelo estabelecimento, enrolada na cintura. Dito isso, desapareceu pelo lugar, atrás do seu ganha pão.

    Aturdido, Rafael olhou em volta, acanhado sem saber o que fazer exatamente. O lugar se tratava de uma sauna, e para todos os lados haviam homens, mesmo sendo amador conseguia distinguir quais estavam ali pelo mesmo motivo que ele e quais estavam em busca de diversão.

    Em menos de dez minutos, um homem o interceptou, perguntando-lhe se era boy ou cliente, sem saber qual seria a resposta correta, Rafael disse que era cliente, entendendo-se que por estar frequentando o lugar, não deixava de ser um cliente. O rapaz o olhou com estranheza e ao se afastar lhe lançou um comentário elogioso, afinal estava muito bem para um cliente.

    Quando conseguiu reencontrar Johnny, Rafael lhe contou o ocorrido e questionou se havia agido corretamente. Johnny lhe explicou que não, eles eram os boys, clientes eram os homens que pagavam para ficar a sós com eles. Outra oportunidade lhe surgiu, o rapaz dessa vez aparentava ter 50 anos, pele clara e acima do peso. Após ouvir que seu objeto de desejo estava a sua disposição, perguntou-lhe, quanto seria seu cachê? Sem possuir parâmetros para estipular um valor exato, Rafael arriscou com R$ 250,00. Provavelmente essa era a faixa de preço dos demais, pois o homem não reclamou da importância citada e disse que iria pegar a chave de um quarto.

    Rafael o acompanhou sem dizer uma única palavra, mas em seus pensamentos palavras eram gritadas descontroladamente. Como pôde chegar àquele ponto?! Entraram num cômodo simples, de paredes cor de abóbora, onde havia apenas uma cama. Não houve beijo na boca, nem carícias, o homem passou a mão por seu corpo e sem muita dificuldade com esse breve toque estava no ponto para o que vinha a seguir. As devidas preliminares ocorreram como tinha de ser, até o evento principal.

    Antes que Rafael se desse conta, todo aquele momento já havia ficado para trás. O homem que estava em sua companhia acendeu um cigarro, e num momento de relaxamento revelou ser bancário. Aproveitou que havia dito algo de sua vida pessoal e perguntou-lhe porque estava participando daquilo. Rafael mentiu ser para pagar a faculdade, afinal já era bastante humilhante estar ali, admitir que era um fracassado já seria demais.

    Quando voltou para a área principal, buscou seu amigo com os olhos, não queria mais ficar nenhum minuto naquele lugar, não conseguiu sequer sentir felicidade pelo dinheiro adquirido, pois estava se sentindo um tomate podre, uma casca velha e ressecada. Acabou partindo sozinho, uma parte do dinheiro usou para pagar sua entrada e nunca mais cogitou voltar naquele lugar.

 

MORANDO SOZINHO

independencia

 Não pense que isso aqui virará bagunça. Virei todo final de semana para ver como está.

     Em 2014, com seus 54 anos, após viver dez anos divorciada, com sua vida focada apenas na criação dos filhos, Sônia sentiu que sua missão estava cumprida. Denis e Manuela já estavam casados e Rafael já era adulto o suficiente para cuidar de si mesmo sozinho. Podendo então focar na sua vida pessoal, já que nunca mais se relacionou com ninguém depois do ocorrido com Raul.

    Quando conheceu Joaquim, um senhor viúvo de 61 anos, através da internet, sentiu como se voltasse a viver novamente. Não acreditava que à essa altura da vida ainda pudesse encontrar alguém tão compatível e sentir com ele as mesmas sensações de quando era mais jovem. O friozinho na barriga, a expectativa pelo desconhecido e a vontade de estar junto o tempo todo. Coincidentemente residiam na mesma cidade, apenas em bairros diferentes. Estava diante de um recomeço promissor.

    Após um ano mantendo um relacionamento ora longe, ora perto, Sônia decide então aceitar a proposta de Joaquim, em se mudar para sua casa. A essa altura todos de sua família estavam familiarizados com ele e sua mudança foi bem concebida.

    Quando soube que teria a sua casa de dois andares somente para si, Rafael achou aquilo incrível, já mentalizando as festinhas que organizaria e os rapazes que levaria para seu quarto. Sem contar que teria a independência de uma moradia inteiramente sua, sem ter feito qualquer esforço para conquistá-la.

PRIMEIRO AMOR

primeiro amor

Se você não mudar seu jeito de ser, não ficaremos juntos por muito tempo.

    Pouco tempo antes de Sônia partir para sua nova casa, Rafael conheceu Róger através do facebook por possuírem amigos em comum. Róger além de bonito, era inteligente e esforçado, pois com apenas 20 anos já estava no último ano da faculdade de ciência da computação, sendo também muito responsável e companheiro. Todo final de semana Róger ia para sua casa e era tanto amor que mal cabia no peito. Pela primeira vez em sua vida, Rafael colocou uma aliança de compromisso em seu dedo. O relacionamento do dois era tão apaixonante e desafiador quanto ao de Jack e Rose.

    Rafael vivia o melhor momento de sua vida, trabalhava com o que gostava no setor administrativo da Livraria Cultura, havia conquistado um namorado incrível, morava sozinho, além de estar com uma ótima aparência física. Malhava todos os dias na academia e possuía uma dieta regular com alimentos naturais, no intuito de manter sua saúde física. Seu corpo era invejado por muitos e devido a esse grande sucesso, adquiriu uma estrondosa fama no facebook. Diversos homens gays que nem o conheciam pessoalmente, lhe adicionavam e babavam pelas suas fotos sem camisa ou de cueca.

    No início do seu namoro, esses acontecimentos não eram problemas para o casal, Róger o conheceu assim e estava de acordo com seu jeito exibido de ser. Entretanto, conforme os meses foram passando, uma semente de discórdia havia sido plantada entre eles e Róger passou a desconfiar cada vez mais da fidelidade do Rafael.

   Para Róger não era cabível que seu namorado, pudesse ser tão simpático com homens estranhos, apenas por terem comentado em suas fotos. Se por um lado Róger estava incomodado com as extravagâncias de Rafael, por outro lado Rafael também estava bastante insatisfeito com as imposições do outro, afinal quando o conheceu sempre deixou bem claro que esse era o seu jeito de ser.

   Muitos desentendimentos e brigas vieram a seguir e a cada discussão, a confiança de Roger minguava juntamente com o que sentia por Rafael. Estando cada vez mais desconfiado do seu namorado, se aproveitou de suas habilidades em TI, e sem que Rafael soubesse, instalou em seu computador um programa para que ele pudesse vigiá-lo através de tudo que executasse pela internet, e de tanto procurar intrigas, acabou de fato encontrando um deslize do outro.

    Certo dia, Rafael estava com vontade de se aventurar e chamou um paquera do facebook para ir até sua casa. Róger visualizou a conversa e no intuito de desmoralizar o namorado, cego de ciúmes foi até sua casa, chegando no exato momento em que o amante estaria lá também. No entanto, o que Róger não conseguiu acompanhar é que Rafael voltou atrás e cancelou por telefone com a pessoa que havia marcado. No último momento Rafael desistiu, pois sabia que aquela atitude seria leviana com seu parceiro.

DEPRESSÃO

depressão

Quando tentei me suicidar, vozes gritaram em meu ouvido, me dizendo para ir adiante com aquilo, que do outro lado seria muito melhor. Quase o fiz… mas no último momento, pensei na minha mãe e no sofrimento que lhe causaria.

    Durante toda sua vida, Rafael sempre teve seus altos e baixos. Ora estava bem, outrora estava péssimo. Sabia que a felicidade plena não existia, mas sim momentos intensos de felicidade.

    Quando sua mãe saiu de casa, ele teve seu grande momento de felicidade, uma sensação até que duradoura, entretanto conforme seu namoro caminhava para a ruína, a palavra “independência” estava se tornando sinônimo de solidão. Qual a vantagem de ter os finais de semana livres se teria que passá-los sozinho? Seu alto nível de infelicidade entrou pela porta da frente e se acomodou no sofá, sentado bem na sua frente, lhe encarando. Para que ter emprego? Para que estudar? Nada disso parecia ter mais sentido qualquer que fosse. Agora entendia porque as pessoas se drogavam, pois quando a dor o atingia como facadas traiçoeiras, ele desejava estar em qualquer lugar fora da sua mente.

   A vida de Rafael começou a decair antes mesmo de Róger abandoná-lo, talvez fosse por essa razão que ele quisesse pular fora do barco, antes que ele naufragasse, ninguém quer permanecer ao lado de uma pessoa que não possui objetivos de vida, nem planos relevantes para o futuro.

  Rafael estava bastante desmotivado na Livraria Cultura e após muitos atestados médicos conseguiu um acordo para que o mandassem embora com todos os seus direitos. Quando todo seu sofrimento veio a tona, ficou aliviado por não possuir responsabilidades empregatícias, já estava difícil lidar consigo mesmo, não suportaria aturar pessoas de fora sem entender o que se passava por dentro de sua mente.

    Muitos homens passaram pela vida de Rafael, por cada empresa que passava, por cada balada que frequentasse, sempre tinha alguém que lhe fazia não passar despercebido, mas conhecer o Róger foi algo celestial, e por mais que muitas pessoas lhe dissessem que aquela dor seria passageira, palavras não possuíam poderes cicatrizantes.

    Quando Róger declarou estar no seu limite, Rafael fez de tudo que estava ao seu alcance para convencê-lo a reconsiderar suas atitudes. Mas não adiantou, pois não estava mais disposto a viver em constante desconfiança. Se Rafael achava que estava por cima na relação, agora sabia que não era inatingível. O que Rafael faria da sua vida dali para frente, já não lhe dizia mais respeito. Após o fim do seu namoro que há um ano era a sua fonte de felicidade e motivação de vida, Rafael estava sem chão. Há 3 semanas seu namoro estava por um fio, tudo porquê seu namorado, considerou ser a gota d’água seu comportamento no último final de semana que passaram juntos. Rafael sabia que tinha errado, mas por que Róger tinha que ser tão radical?

    Ele não consegue encarar o fim com maturidade e para não cometer uma imprudência contra si mesmo, optou que irá viajar, talvez não volte, mas nada te prende em São Paulo, mora sozinho, acabou de sair do seu emprego que há tempos estava te sufocando, sendo sua única preocupação arrumar alguém para ficar com seu gato.

   Há algumas semanas tentou se suicidar de duas formas, sendo a mais marcante e tenebrosa com uma corda enforcado. Não se lembra onde conseguiu aquele prego, mas de repente já estava com a corda no pescoço, chorando muito e querendo que todo aquele sofrimento acabasse logo. Sua perna tremia em cima da cadeira, sua vida estava por um fio e mesmo sabendo que aquela atitude colocaria um fim em tudo que estava sentindo, ainda assim não conseguia ter coragem o suficiente para fazê-lo. Como um flashback lembrou-se da sua vida, de tudo que já passou, todas as experiências que já viveu, e se deu conta que mesmo tendo feito coisas muito piores, é nesse atual momento que mais se sente infeliz, querendo definitivamente que suas luzes se apaguem.

Ser ou não ser Crudivorista?

Grande parte da população provavelmente desconhece essa palavra, entretanto o crudivorismo é praticado por diversas pessoas, que acreditam ser esse o melhor caminho para uma vida saudável.

Crudivorismo é uma dieta alimentar baseada somente na ingestão de alimentos crus e de origem agrícola. Assim como os vegetarianos e veganos, o crudivorista não se alimenta de nada que seja de origem animal, e além disso, nenhum alimento que precise passar por um processo de cozimento.

Os adeptos do crudivorismo explicam que os alimentos em sua forma natural, possuem uma vasta quantidade de enzimas, e que ao serem cozidos numa temperatura acima de 46º Celsius, perdem essa substância orgânica. O não cozimento dos alimentos, além de preservar seus componentes naturais, evita que compostos cancerígenos sejam desenvolvidos durante esse processo.

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Dawn Jackson Blatner

Em contrapartida, alguns especialistas não são a favor do crudivorismo, como é o caso da dietista profissional Dawn Jackson Blatner. Ela cita que é preocupante viver somente à base de alimentos crus, pois essa dieta alimentar, dificulta a ingestão de quantidades suficientes de cálcio, vitamina D, vitamina B12, ferro, zinco e proteínas. Blatner sugere que a pessoa que decidir mesmo assim, ser um crudivorista, antes solicite orientação de um nutricionista.

Assim, ficamos indecisos se o crudivorismo é mais benéfico ou não à saúde, já que no cardápio do crudivorista, possui somente frutas, vegetais crus, legumes, castanhas, abóbora, entre outros derivados da terra.

eduardo corassa

Eduardo Corassa

O crudivorista Eduardo Corassa nos responde com propriedade sobre esse modo de vida: “Uma pessoa pode sim viver de alimentos crus, já que somente no período neolítico foi introduzido a prática de cozinhar alimentos.” Para Corassa, além do adepto ter maior disposição, seu parâmetro de saúde vai muito além do normal.

E então… ser ou não ser crudivorista?

vegetais e legumes

Compras de Final de Ano

Durante o ano temos várias datas comemorativas que fazem com que as lojas e estabelecimentos lotem de clientela. Temos a páscoa, dia dos namorados, dias das crianças, dos pais e das mães. Entretanto, apesar dessas datas serem bastante lucrativas para a rede de comércio, nada se compara as compras de final de ano, pois independentemente de você ter ou não um filho ou namorado, sempre irá querer presentear alguém, já que cultivamos o tradicional costume de trocar presentes no natal.

Compras em shopping

Partindo desta premissa, vamos falar sobre os shoppings, cujo lugar costuma ser a principal escolha do brasileiro na hora de fazer suas compras, já que possui muitas opções de lojas juntas, ar condicionado, segurança, variedade para a alimentação e apesar do grande fluxo de pessoas, acaba sendo mais confortável do que andar de loja em loja nas ruas. Existem exatamente 53 shoppings em São Paulo, e não há um sequer que não tenha grande movimento nessa época do ano. No intuito de poderem atender essa demanda e consequentemente faturarem ainda mais, os shoppings estendem obrigatoriamente o horário de atendimento de todas as lojas, para que assim, possam atender a necessidade daquele público que deixa para comprar na última hora.

Dentro deste cenário, pude presenciar um grande nível de estresse nos compradores, que ao invés de saírem de suas casas em busca de um presente para alguém querido, arrumam confusão com os demais por motivos supérfluos, agindo com grande falta de respeito e educação. Irei compartilhar três situações diferentes e quem sabe você que está lendo, caso já tenha se comportado de alguma dessas formas, reflita sobre o quão inconveniente possa ter se passado aos olhos dos outros.

Ticket do Estacionamento

troco em moedas

Tive a minha atenção sugada para uma cena grandemente desagradável. Um rapaz gritava com a atendente da cabine onde se pagam os tickets de estacionamento, pois ele se recusava a receber seu troco em moedas. Berrava, alegando não ser obrigado a receber seu troco daquela maneira e que por direito, deveria haver apenas uma única moeda em seu troco e não diversas como ela havia feito.

Não sei de quanto deveria ser, talvez ao invés de dar apenas uma moeda de R$ 0,50, ela lhe deu várias de R$ 0,05 ou de R$ 0,10, mas independente disso, sua atitude foi extremamente mesquinha e grosseira. Sem contar que ao final de tudo, a frase dita por ele, poderia lhe render um grande processo.

Pelo que pude acompanhar, a funcionária lhe respondeu que não tinha como retornar-lhe o troco de outra forma, pois não contente, ele berrava em resposta “tem, mas não quer dar!”, insinuando que ela agia propositalmente. A fila estava enorme, o que me fez pensar na grande falta de bom senso daquele rapaz, fazendo todo aquele escândalo por causa de algumas moedas, enquanto muitas outras pessoas aguardavam para serem atendidas.

Percebendo que a moça não iria ceder, pois já havia chamado o próximo, antes de ir embora ele cuspiu sua grande ofensa “fica de esmola, mendiga!”. Imaginem que bela ação judicial ela poderia entrar contra ele! Afinal, enquanto estava fazendo compras e incomodando os outros com sua extrema falta de educação, a moça estava apenas exercendo o seu trabalho, se utilizando daquilo que tinha disponível para atender o público.

Após o ocorrido, até pesquisei a respeito, se por acaso existe algo no Código de Defesa do Consumidor, referente a forma de troco recebido, e não há, contanto que o troco seja pago em dinheiro e não em balinhas, o cliente não tem o que contestar. Afinal, à que direitos ele se referia?

Quiosque de Sorvetes – Mc Donalds

quiosque_mc_donalds

Ainda no mesmo dia, um pouco depois, fui para a fila de um dos quiosques do Mc Donalds com uma amiga. Como sabemos, o sistema de atendimento do Mc é composto por duas filas, a do pagamento e a de retirada do pedido. Entretanto, presenciamos com muita frequência pessoas se aproveitando que estão acompanhadas, para se dividirem nas filas, ficando uma na de compra e a outra na de retirada.

Como o shopping estava muito lotado, devido as referidas compras de final de ano, após fazermos o pedido, minha amiga ficou sozinha com as nossas notas na fila de retirada, enquanto eu aproveitei para ir ao banco. Alguns minutos depois, quando ela veio ao meu encontro com os nossos sorvetes em mãos, me contou que estava tremendo, pois havia discutido com um homem na fila.

O que ocorreu foi o seguinte, enquanto o rapaz ainda faria o pedido, sua esposa já estava na fila de retirada, na frente da minha amiga. Quando ele saiu da primeira fila, se voltando para sua esposa, lhe entregando as notinhas e ignorando a fila pelo qual teria que enfrentar, minha amiga reclamou, dizendo a ele que aquilo era errado e que não permitiria que passassem na sua frente.

O homem obviamente não gostou e a questionou o que tinha demais? Ela argumentou que também estávamos em duas e que não fizemos o que ele estava fazendo. O rapaz debochou, dizendo que não fizemos porque não quisemos. Minha amiga não cedeu e passou na frente de sua esposa, mantendo o que disse sobre não permitir que se aproveitassem trapaceando daquela maneira. O homem fez o maior escândalo dizendo que quem estava “furando fila” era ela dando uma de “espertona”, sendo que na concepção da minha amiga quem estava tentando ser “o espertalhão” era ele.

Sou suspeita para opinar nessa situação, pois quando chegamos no quiosque, antes dessa confusão toda, sugeri a minha amiga que eu ficasse na segunda fila para agilizar enquanto ela fazia os pedidos. No entanto ela não aceitou, alegando que aquilo era errado para com os demais. Ou seja, o que ela prezou em não fazer com os outros, foi feito contra si mesma. Agora eu pergunto a vocês, quem de fato está errado?

Praça de Alimentação

praça de alimentação

Encontrar uma mesa disponível em praça de alimentação de shopping é mesmo uma missão difícil, ainda mais nessa época do ano. Entretanto, sou o tipo de pessoa que prefere lutar até o final por uma mesa vazia, do que pedir para sentar com estranhos.

Porém o inverso não acontece, muito pelo contrário, diversas vezes quando estou comendo, pessoas desconhecidas se sentam junto a mim sem nem ao menos pedirem permissão ou licença! Entendo que muitas vezes é impossível encontrar uma mesa disponível, mas nas situações pelo qual vivenciei, as pessoas que se sentavam ao meu lado, sequer olhavam na minha cara, como se a mesa estivesse totalmente vazia!

Eu nunca reclamei diretamente com os envolvidos, pois considero besteira arrumar confusão por causa de mesa. No entanto em uma das situações, me levantei e eu mesma fui procurar uma nova mesa vazia para mim, e adivinhem só? Encontrei com facilidade! Constatei que muitas vezes as pessoas se acomodam, por ali estar perto de onde ela comprou a comida. Ou seja, em certas ocasiões o problema não é nem a falta de mesa livre e sim a disposição da pessoa em procurar por uma.

A que conclusão chegamos?

Compras de natal

A simples conclusão que lidar com pessoas não é algo fácil, muitas não respeitam o direito dos outros, esbravejam por quererem que tudo seja exatamente do seu jeito ou agem conforme mais lhe convir. Nessa época do ano, engana-se quem pensa que o “espírito natalino” está presente nos indivíduos, muito pelo contrário, toda essa pressão do natal, presentes para determinada quantidade de pessoas, que devem ser comprados num curto espaço de tempo, causa uma grande tensão em todo mundo.

Imagine quão maravilhoso seria, se todos ou grande parte da população pelo menos, se programassem para suas compras muito, mas muito antes do natal, meses antes, por exemplo. Não haveria lotação nos shoppings, os custos dos presentes seriam até menores e melhor ainda, seria evitado discussões alheias por qualquer motivo bobo, que na hora da raiva parece ser a coisa mais relevante do mundo.

Educação em Cuba

Exemplo a ser seguido por todos

Não é de hoje que Cuba é a nação latino-americana com maior índice de qualidade de ensino e menor taxa de analfabetismo. Mas a que se deve isso? Como conseguem tal feito? Essa mesma pergunta motivou o professor de Standford, Martin Carnoy, a iniciar um estudo comparativo entre três países, sendo eles, a própria Cuba, Brasil e Chile.

Martin Carnoy

Martin Carnoy

O professor filmou diversas salas de aula em cada um desses países e pôde constatar que o ensino em Cuba, mesmo sendo básico, possui muito mais qualidade que até mesmo as escolas particulares do Brasil. Carnoy avaliou que o corpo docente brasileiro não consegue ter domínio da classe, ocasionando um desperdício de 17% do tempo em sala de aula, tentando conter os alunos. Também constatou que os alunos brasileiros em comparação com os cubanos, perdem muito mais tempo copiando a lição do quadro negro, do que tendo a explicação do conteúdo em sala de aula. Essas e muitas outras afirmações comprovadas por meio de sua pesquisa foram compartilhadas em seu livro “A Vantagem Acadêmica de Cuba – Por que seus alunos vão melhor na escola”.

Capa do Livro escrito por Martin Carnoy

Capa do Livro escrito por Martin Carnoy

Mas nem sempre Cuba foi referência na educação, esse grande avanço somente foi possível após o triunfo da Revolução de Cuba em 1 de Janeiro de 1959, cujo movimento guerrilheiro e armado resultou no afastamento do ditador Fulgêncio Batista, movimento esse liderado por Fidel Castro.

Fulgencio Batista, ex-presidente de Cuba

Fulgencio Batista, ex-presidente de Cuba

Em 1956, Fidel juntamente com Che Gevara, entre outros guerrilheiros, formaram o “Exército Rebelde” com o intuito de revolucionar perante o segundo mandato de Fulgêncio. Fidel contou com o apoio da população, e em 1 de Janeiro de 1959, com o fim do mandato de Fulgêncio, foi eleito primeiro ministro, dando início as reformas políticas, entre elas campanhas de alfabetização em massa e cuidados com a saúde para a população. Em apenas um ano, o projeto contra o analfabetismo conseguiu declarar Cuba vitoriosa, sendo o primeiro território da América Latina a conseguir tal feito.

Che Gevara e Fidel Castro

Che Gevara e Fidel Castro

A segunda pergunta muito comum que ouvimos é, como um país com uma economia atrasada e pouco produtiva como Cuba, consegue desenvolver tão bem seus alunos em sala de aula? A resposta é muito simples, mesmo com um PIB bastante inferior aos demais países (investem 12.9%, no bojo de um investimento social de 30%), são muitos disciplinares em relação ao estudo e saúde, seus professores nos primeiros três anos de magistério, por exemplo, são supervisionados duas vezes por semana pelos diretores das escolas, cujo procedimento não é seguido com rigor nos demais países. Aliás, muitos dos professores são os próprios alunos dessas mesmas escolas, ao qual se destacaram e foram convidados a fazer parte do corpo docente. A grade curricular também é padronizada e os professores precisam segui-la a risca, cronometrando inclusive, o tempo necessário para ensinar todo o conteúdo, não tendo autonomia nenhuma para atividades extras.

Educacao-de-Cuba

No ensino básico, a carga horária das aulas são de oito horas e meia, se compararmos com as universidades brasileiras, veremos que a diferença de tempo destinada ao aprendizado é mesmo discrepante, e olha que estamos falando de alunos no ensino fundamental x universitários, e já que estamos comparando com o Brasil, outra curiosidade muito interessante é que, em Cuba todas as crianças e adolescentes, são obrigados a frequentarem a escola por apenas nove anos (gratuita até a faculdade), enquanto no Brasil é obrigatória por onze, e mesmo com essa diferença de dois anos, Cuba segue liderando na qualidade de ensino. O absenteísmo presente em todas as escolas brasileiras, em Cuba não existe, pois além dos alunos faltarem raríssimas vezes, seus pais são punidos pela lei cubana em caso de falta, podendo até serem presos. Além do que, o ensino já é disponibilizado a partir dos dois anos de idade, através das pré-escolas.

Entretanto, esses alunos ao se formarem, são confrontados por uma grande falta de oportunidades, já que em Cuba não há muitas opções de trabalho. Por outro lado, os que optam por seguir a carreira docente não ficam desamparados, já que tal profissão possui uma grande valorização social no país, tanto que os professores possuem um salário equivalente ao de outras áreas, como por exemplo, de médicos e físicos. Diante de todos esses aspectos apresentados, você ainda possui alguma dúvida do por que Cuba é um país tão excelente na educação?